sexta-feira, 17 de junho de 2011

Aos Deuses de tudo que existe.

Por Caio Fernando de Abreu, em O Estado de S. Paulo, 17/9/1995.


E teve certa amarílis, que em julho dei por perdida. Semana passada, arrancando baldes de ervas-daninhas de nojentas raízes brancas estranguladoras, a alegria: como uma ponta de espada brotando da terra, miniexcalibur. Ao contrário, lá estava a amarílis nascendo outra vez. Limpei mais, adorei, conversei, bravo, é isso aí, minha filha, não se entrega não. Happy end? Ledo engano: manhã seguinte, a pontinha de espada não passava de um toco roído durante a noite não sei por que abanteÁsma (só mesmo usando essa palavra) das trevas. Continuamos lutando, juntos, a amarílis e eu. Mas quando você pensa que um perigo medonho passou é porque outro ainda pior está vindo? Oh, Deus. E o perigo-passado realmente deixou você mais forte para o perigo-vindouro? E se só ficou o cansaço e se a amariis desistir? E se eu desistir e for cuidar das verbenas, cravinas e amores-perfeitos que acabei de plantar?

Aprendem-se coisas, eu dizia. Vezenquando, assustadoras.

Mas lutamos, eu também dizia. E olho agora para trás e vejo na estante às minhas costas, bem à frente de um livro com reproduções de Egon Schiele, aquela árvore japonesa da fortuna e da felicidade, quando percebi que não superaria o inverno, transplantei-a do jardim para o meu quarto. Era um resto negro calcinado pela geada. E quase invisível, um pontinho verde de vida na base. Fui até lá agora e medi: está Com mais de meio palmo de altura empinadíssima, viva.

Então eu agradeço, eu tenho medo e espanto e terror e ao mesmo tempo maravilhamento e outras coisas com e sem nome, mas agradeço. Aos deuses dos jardins, aos deuses dos homens, aos deuses do tempo e até aos das ervas daninhas que nos fazem lutar feito tigres feridos fundo no peito, sim, eu agradeço.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Renda Paete is always classic.

Hoje criei coragem pra superar mais uma barreira da minha vida. Fazer francesinha na unha.E você pensa que é fácil pôr o durex lá e pã? Nada! Essa ideia de adesivo é uma droguinha...Borra tudo. :(
Por isso que eu fiz na mão nua, crua, com cebola e cheddar. E ta aí o resultado:
Botei até no twitpic de tão feliz que tô. :)


E amanhã não tenho prova, vou ter um dia livre pra organizar umas coisinhas.
Digna para ouvir Colbie Caillat o dia todo né?

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Metamorphosis

Acordei com o peito aberto, sabia que era aquele o dia. Meu coração estava livre, não sentia mais saudade. Minhas costas latejavam, e eu senti uma vontade enorme de me enrolar em cobertas macias e dormir profundamente, como num dia chuvoso. E eu fiz isso.Quinze dias, um mês, três meses... Cinco meses dormindo. O dia chegou.
A escuridão ficou lá dentro do casulo, minhas costas pararam de latejar, pois as asas as curaram. Eu tinha de aprender a voar.

E voei, segui em frente..


Você ficou lá atrás, vendo o pôr-do-sol se pondo enquanto eu o vejo nascer.